31.1.09

Recomendo: Laranja Mecânica ( A Clockwork Orange)


A Laranja Mecânica (A Clockwork Orange no original) é um livro de Anthony Burgess escrito em 1962. Conta a história de Alex, um garoto que junto com outros jovens de sua gangue (Tapado, Georgie e Pete) praticam roubos, espancamentos, estupros por toda uma Londres arrasada de um futuro indeterminado. Alex pratica a violência por puro prazer, assim como a maioria dos jovens de sua idade.
Burgess causou grande estranhamento em seus leitores por conta do vocabulário de Alex, cheio de gírias nadsat - termos eslavos e palavras rimadas que exigem dedução para o entendimento. Exemplo: a rot do vekio estava cheia de krov vermelho quando lhe demos um toltchock; tiramos as platis da devotchka e seus grudis eram horrorshow, etc. O livro chocava também por sua violência e os conflitos éticos que cercavam o jovem Alex, suas punições e a sociedade.
Seu título provém de uma expressão anglo-saxã “As queer as a clockwork orange”, ou, em uma tradução simplificada, “Tão bizarro quanto uma laranja mecânica”.
Foi adaptado ao cinema por Stanley Kubrick em 1971. “Laranja Mecânica” virou alvo da censura na época e foi proibido no Brasil. Por quase toda a década de 70 os brasileiros só ouviam falar daquele polêmico filme realizado por Stanley Kubrick após a ópera-prima “2001– Uma Odisséia no Espaço”. Durante anos a única referência ao filme era sua inovadora trilha sonora que misturava experiências eletrônicas do compositor Walter Carlos (antes de virar Wendy Carlos) com as composições de Beethoven. O filme só foi liberado para exibição no Brasil em 1978 em cópias onde foram incluídas “bolinhas pretas” sobre as genitálias dos corpos nus. A anacrônica censura da época achava mais importante esconder a nudez do que expor as platéias à violência exacerbada que o filme mostrava de maneira até então nunca vista em uma produção mainstrean.
Hoje as “bolinhas pretas” não passam de curiosidade e mico histórico ao qual os brasileiros foram submetidos. No entanto, o mesmo não se pode dizer da violência urbana que “Laranja Mecânica” retrata e que de certa forma antecipava para o futuro. A recente revolta dos jovens nos subúrbios de Paris é apenas mais um episódio que confirma o quanto o livro de Anthony Burgess e o filme de Stanley Kubrick estavam à frente de seu tempo.

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