3.9.08

Um pouco de Neruda.

Bem amigos, de fato, agosto foi pra mim o mes do desgosto. Uma porção de coisinhas chatas, mas enfim, tudo tende a passar.Nesse tempinho, li Pablo Neruda. Deu vontade de dividir uma poesia que pra mim, faz bastante sentido.

Soneto XCVI

sobrevive a mim com tamanha força
que acordarás as fúrias do pálido e do frio,
de sul a sul, ergue teus olhos indeléveis,
de sol a sol sonha através de tua boca cantante.

Não quero que tua risada ou teus passos hesitem.
Não quero que minha herança de alegria morra.
Não me chames. Estou ausente.

Vive em minha ausência como em uma casa.
A ausência é uma casa tão rápida
que dentro passarás pelas paredes
e pendurarás quadros no ar.

A ausência é uma casa tão transparente
que eu, morto,te verei,vivendo,
e se sofreres, meu amor,
eu morrerei novamente.

Cem sonetos de amor
(Noite)Pág.108,Ed.L&PM