21.3.10

Ensaiando sobre o vazio.

Numa dessas noites de não querer dormir, com a chuva ameaçando lá fora, cedi o prazer de assistir o grande vencedor do Oscar 2010: Guerra ao Terror.Muito merecido, por sinal.
Desde que ouvi o titulo no fim do ano, "Hurt Locker", me senti instigado.Armário da Dor é um nome que te dá uma proporção grande.Me remete diretamente a dor acumulada, fechada com tranca; dor engolida, engasgada.Porém, titulo nacional, um pouco dessa amplitude se perde.Guerra ao Terror soa como um filme de guerra no Iraque, com sangue, explosões e terroristas de AK.Até tem isso, mas não do jeito que se pensa.
O filme acompanha os últimos dias de ação de um grupo de especialistas em bombas.O trabalho em equipe entra em conflito com a entrada do Sargento James, que encara seu trabalho como um escape prós seus problemas.Desarmar bombas pra ele é divertido.No decorrer da sua ânsia por adrenalina, James se perde em si mesmo.
A certo ponto, a pergunta que os militares se fazem é "o que estou fazendo".Está é uma pergunta que também ecoa na minha cabeça.Além de uma representação do drama militar no oriente, o filme pode ser levado pra questão existencial, onde o "porque faço" pode ser respondido pelo cruel "não sei fazer outra coisa".
A camera de documentario as vezes ataca pra deixar o filme com um que de realidade.De certa forma, a subida da consciência dos personagens já cumpre esse papel.Com a cena do homem-bomba, você acaba percebendo que seja um soldado ou um civil triste em casa, você é empurrado a admitir: Não posso fazer nada
E a bomba explode.